Ecumenismo

Que as pedras sejam postas ao chão

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Eduardo Izaias

Igualdade: anseio dos seres humanos, status buscado pelas sociedades ao longo dos tempos, na luta por um mundo melhor, para uma convivência harmoniosa entre as pessoas em seus povos. Ao tratar desse almejado objetivo, cuja vivência celebrará a Humanidade como um só corpo e organismo vivo, é indispensável pensar sobre as barreiras que muitas vezes impedem essa unidade, pois, para que possamos vivê-la, é preciso antes extirpar toda a espécie de preconceitos, separatismos, ou qualquer prática que sustente a injustiça, que privilegie alguns em detrimento de outros. O escritor Paiva Netto destaca em seu artigo “Jesus, a Educação, a Economia e a sua ética, firmadas no Seu Novo Mandamento, no Evangelho e no Apocalipse” (Parte I)*2: “(…) qualquer sentido autêntico de igualdade, pelo Amor entre os Seres da Terra, não pode prescindir da Lei dos Méritos, assim preceituada pelo Cristo de Deus, e que é o coeficiente de multiplicação da Economia da Solidariedade Espiritual e Humana: ‘A cada um será dado de acordo com as suas próprias obras’ (Apocalipse, 22:12). Essa Lei prescreve que todos são iguais perante Deus: as obras de cada um é que estabelecem a diferença.

Por isso, é importante salientar que trabalhar pela igualdade de direitos e oportunidades em muito se difere de buscar uma homogeneização ou de se estabelecer um único ponto de vista*3. Convidando-nos a expandir ecumenicamente — ou seja, por meio do respeito e do Amor às diferenças — nossa visão sobre o assunto, nos esclarece Paiva Netto: “(…) quando falamos na união de todos pelo bem de todos, alguns podem atemorizar-se, pensando em capitulação de seus pontos de vista na enfadonha planura de uma aliança despersonalizada, o automatismo humano deplorável. Não é nada disso. Na Democracia, todos têm o dever (muito mais que o direito) de — honestamente (quesito básico) e com espírito de tolerância — enunciar seus ideais, sua maneira de ver as coisas*4. Sob essa perspectiva, vale refletir quanto às separações e fronteiras que muitas vezes insistimos em manter com os nossos semelhantes (mesmo que de forma inconsciente). E mais, sobre até que ponto temos utilizado as diferenças para justificar as desigualdades que testemunhamos.

É preciso observar que insistir na atitude indiferente, aquela que se opõe à postura ética do Ecumenismo*5, é consolidar uma desumana condenação de nossos semelhantes e de nós mesmos à exclusão social e ao isolamento. Quando nos permitimos “categorizar” seres humanos, julgando-os melhores ou piores em virtude de nossa etnia, convicção ideológica, tradição religiosa, gênero, classe social (entre tantos outros aspectos das identidades pessoais e coletivas), repetimos os comportamentos destrutivos que, em diferentes tempos, fomentaram guerras, escravidão e tantas outras manifestações de violência. É inadiável vencer os preconceitos e desigualdades que oprimem as criaturas e os povos, pois, conforme afirma Paiva Netto: “Sem o espírito de Justiça, não há Paz”*6.

 

A questão de gênero

Entre os debates sobre o respeito às diferenças, uma discussão cada vez mais frequente é a da igualdade de gênero (e que bom que a reflexão existe, sinal de que temos procurado soluções mais justas e realmente definitivas para esses graves desafios sociais!).

Num momento em que cada vez mais as mulheres vêm ocupando posições de destaque na direção de grandes empresas e nações, é um paradoxo vergonhoso pensar que muitas vezes ainda são forçadas a provar constantemente o direito de participarem socialmente e de serem valorizadas e respeitadas pelo que são, nem melhores nem piores que homens, mas igualmente humanas. Seres espirituais, criados à imagem e semelhança de Deus.

Dados econômicos e sociais demonstram que muitas vezes elas acabam por não serem remuneradas de maneira equivalente a dos homens, ainda que ambos exerçam as mesmas responsabilidades e funções. Não fosse o bastante, surgem ainda outros desafios, tais como as diversas formas de violências contra a mulher, a imposição de estereótipos de beleza e outras formas de depreciação do valor feminino, subjugando-o à exploração de sua sexualidade.

Portanto, procurar sanar essas injustiças deve ser bandeira comum de todos nós, homens e mulheres, pois a continuação do cenário atual nos levará em direção contrária à do respeito ao ventre que nos legou, antes de tudo, oportunidade de vida, do qual somos todos gratos e devedores. Essa percepção é passo fundamental para a diminuição das distâncias, pois, socialmente falando, o valor mais universal que partilhamos é a própria vida.

 

Conduta que inspira

Lembramos aqui o emblemático exemplo de Jesus, o Libertador Divino, quando fora chamado a intervir sobre a sentença de uma mulher acusada de adultério (comportamento que, segundo a lei da época, exigia o apedrejamento dos culpados). O Cristo Ecumênico conclamou as consciências daqueles homens quanto ao que os diferenciava daquela a quem eles desejavam punir. “Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra”*7, declarou o Mestre dos mestres aos acusadores, que, conforme ressalta Paiva Netto, lembraram-se apenas de aplicar a lei à mulher e não àquele que adulterara com ela. Eram aqueles homens ignorantes resultado cruel de alguns valores culturais da época. Entretanto, a partir da advertência de Jesus, as pedras foram postas ao chão, certamente acompanhadas da vergonha e da hipocrisia que permeava aquela condenação; todos deixaram o local, ficando somente o Celeste Amigo e a mulher, a quem Ele aconselhou: “Vá e não peques mais”*8.

Reconhecemos Solidariedade verdadeira na postura do Cristo, Amor que Ele dedicou (e dedica) a todos os filhos de Deus, homens e mulheres. Nessa ação do Grande Amigo da Humanidade não houve conivência com o erro. Ele demonstrou que os enganos e as faltas não são exclusividade masculina ou feminina. E ecumenicamente nos convoca a perceber que existe sempre tempo para reavaliarmos nossa postura e protegermos o direito universal à vida e à dignidade. Todos temos muito a contribuir em sociedade, por isso, nós, como filhos do Pai Celestial, precisamos aproveitar nossas chances de renovação, de redenção, pois a igualdade é conquista pessoal e coletiva. Ela depende de nos dedicarmos a garantir que as pessoas (todas elas, mulheres e homens) sejam reconhecidas em suas competências e valorizadas por isso de maneira justa.

Para concluir, trazemos estas palavras do escritor Paiva Netto no artigo “Status da Mulher nas Nações Unidas”, que nos inspiram a continuamente lutar pelo melhor que existe em nós e pelo respeito aos nossos semelhantes, de todos os gêneros: “Pelo nosso prisma, a mulher tem direito a ser Presidente da República, condutora de religiões, capitã de indústria, de aviões e navios transatlânticos; tem direito de ser médica, engenheira, professora… No trabalho, há um justo conceito de valor entre homens e mulheres: o da competência. Então, os sexos nisso estarão harmonizados. Que brilhe o homem, que brilhe a mulher, conforme a competência de cada um. Isso não quer dizer que homens e mulheres são totalmente iguais. Aí está pelo menos, de início, a anatomia para desmentir. O que quero dizer é que não se devem sustentar antigas barreiras e levantar novas, firmadas em tabus, preconceitos e interesses espúrios, para impedir maior influência da mulher sobre o destino do mundo. Homem e mulher dependem um do outro. Completam-se”.

 


*1 Eduardo Izaias, de São Paulo, SP, é graduado em Sociologia.

*2 “Jesus, a Educação, a Economia e a sua ética, firmadas no Seu Novo Mandamento, no Evangelho e no Apocalipse” — Artigo de Paiva Netto publicado em três partes, nas edições 106, 107 e 108 da revista JESUS ESTÁ CHEGANDO!, durante o ano de 2010.

*2 De acordo com Paiva Netto, “Ecumenismo não significa despersonalização”, conforme encontramos em seu artigo “Oito Objetivos do Milênio — Responsabilidade de todos os de bom senso”, publicado na revista Globalização do Amor Fraterno, p. 31.

*4 Constante no livro É urgente reeducar!, versão pocket, pp. 53 e 54.

*5 “Ecumenismo é a vontade universal de viver em Paz”, consoante define Paiva Netto.

*6 Tema desenvolvido por Paiva Netto em seu livro Somos Todos Profetas (1999).

*7 e *8 Evangelho de Jesus, segundo João, 8:7 e 11, respectivamente.

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