A Revolução Mundial dos Espíritos de Deus proporciona aos Cristãos do Novo Mandamento de Jesus lições de grande alcance filosófico-científico-espiritual.

Em uma reunião de trabalhos práticos dessa empreitada, sob o comando do Presidente-Pregador da Religião de Deus, José de Paiva Netto, o Espírito Dr. Bezerra de Menezes descrevia aos presentes uma atribuição da qual, naqueles dias, estava incumbido e que, de modo muito particular, é do interesse da Ciência, principalmente no que tange à fertilização humana.

Estávamos em 8 de março de 1995, na cidade do Rio de Janeiro. O Irmão Bezerra falava-nos de algumas providências, específicas da Esfera Invisível, que tomava para a reencarnação de destacado Espírito que retornava à Terra com importante tarefa a realizar.

Preocupava-se igualmente com fatores materiais próprios da gestante, tais como alimentação adequada, acompanhamento médico terreno etc. Explicava-nos ainda sobre algumas dificuldades próprias do desenvolvimento da vida que se reinicia no útero materno:

“Os filamentos, as moléculas espirituais das Almas elevadas não são grosseiros, fazem adaptações aos corpos somáticos numa espécie de conexões. Fatalmente, problemas da natureza humana sempre surgirão. Quando grandes Espíritos se apresentam, nossos trabalhos demandam dura observação. Vocês poderão dimensionar o alcance das minhas palavras se imaginarem, por exemplo, o que seria colocar um avião numa garagem de automóvel. Se não houver acomodações devidas, tornar-se-á impossível. (…)

“A vida material é Concepção Divina. Nosso Irmão Maior Paiva Netto foi inspiradíssimo ao retratar em sua magistral página sobre o sexo que o Universo é ato sexual de Deus*¹.

“Os Espíritos evoluídos trabalham no Universo da Vida. Temos vários Universos para conhecer.”

Ora, o fato de o Dr. Bezerra, um reconhecido político e médico do século XIX, já não mais habitar o mundo dos vivos e mesmo assim apresentar-se ativo aos nossos sentidos, pelos recursos do canal mediúnico, pode talvez escandalizar alguns, ainda condicionados a crer que a morte cessa de vez com a manifestação da Vida.

O assunto é realmente polêmico, no entanto, inspirados na Dialética da Boa Vontade, vamos procurar, aqui, desenvolvê-lo um pouco mais.

Partamos do seguinte raciocínio: quando um objeto inanimado se desfaz ou se decompõe, provocado que foi por algum agente externo, a matéria, e, portanto, sua energia, se dispersa, levando seus elementos a cumprir outras funções na natureza. A célebre equação de Einstein (1879-1955), E=mc², que estabelece equivalência entre energia e matéria, resume bem esse argumento.

Agora, com o Ser Humano, constituído igualmente por energia condensada, as conseqüências do mesmo fenômeno requerem estudo mais apurado, pelo menos no que diz respeito à consciência que nele habita. A própria condição humana atesta uma ascendência no tocante aos demais reinos que coexistem na Terra. Sua inteligência mais bem-desenvolvida lhe confere a habilidade do raciocínio e comando sobre muitas situações à sua volta.

Em síntese, sua essência, que exerce papel principal, tendo o cérebro como ferramenta prática, é uma força criadora com capacidade ilimitada, visto que o pensamento ultrapassa qualquer barreira, deixando cientistas estarrecidos e curiosos com tamanho poder. A própria Ciência é um produto dessa notável cerebração sempre disposta a desbravar horizontes desconhecidos.

Pois bem, o que está por trás, dirigindo as reações químicas e elétricas dessa “inteligência”, não pode estar submetido à Lei que aparentemente estabelece um fim para tudo. Mesmo que nos pareça algo abstrato, não obstante muito real, pelo resultado visível a quem quer que seja, fica complicado aceitar essa Causa simplesmente dispersando-se com os tecidos de carne e osso, quando da perda das funções vitais do organismo. Após a morte, aquele Ser, que possui existência muito mais mental do que qualquer outra coisa, certamente buscará se agrupar a outros elementos, por enquanto ignorados por nós, revestindo-se assim de roupagem diferente. A Física Quântica – por intermédio dos atuais princípios, entre eles o da Teoria das Supercordas*², que procuram a unificação das forças elementares – nos sinaliza a possibilidade das dimensões paralelas à nossa. São locais no Universo que devem também servir de morada. Há dois mil anos, o Cristo Ecumênico, no Seu Evangelho, segundo João, 14:2, já nos esclarecia quanto a isso: “Na Casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, Eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar”.

É oportuno aqui o ponderado comentário do instrutor Áulus, transcrito em 1954 pelo Dr. André Luiz*³, pseudônimo de um famoso cientista brasileiro. Alertava-nos àquela altura para fatores aos quais a nossa atual geração acadêmica cada vez mais direciona os seus trabalhos: “Vocês sabem que na própria ciência humana de hoje o átomo não é mais o tijolo indivisível da matéria… que, antes dele, encontram-se as linhas de força, aglutinando os princípios subatômicos, e que, antes desses princípios, surge a vida mental determinante…  Tudo é espírito no santuário da Natureza”. (O grifo é nosso)

O Dr. Sam Parnia, médico britânico, da Universidade Cornell, em Nova York, EUA, afirma: “Desconfio que a consciência possa ser um tipo de matéria ainda não detectável, algo com leis, teoremas e axiomas próprios. (…) A ciência chama de consciência e a religião, de alma. O nome não importa”.

Espírito é uma outra nomenclatura, pelo menos a mais comum, dessa Inteligência que prossegue além-túmulo, a qual os cálculos físicos e/ou matemáticos não conseguiram ainda equacionar, nem os tubos de ensaio, sua fórmula descobrir. Contudo, desde os mais remotos tempos, o Espírito, de uma forma ou de outra, persiste em se fazer presente na cultura das civilizações, desafiando o comodismo racional das criaturas. Falamos, pois, de uma questão não-resolvida.

Há por toda parte uma diversidade enorme de definições, crenças ou não, a respeito do tema. Aliás, o escritor Paiva Netto resume numa frase, de forma muito clara, o seu pensamento: “Estamos carne, mas somos Espírito”. E ele colocou à mesa para discussões, no ano de 1981, em Porto Alegre, um outro ponto que modifica muito a atual visão do assunto: “Não serão vibracionais os limites do Universo?”. Isto é, de tudo que achamos ser e percebemos em torno. Bem a propósito, esta e outras teses, por iniciativa do Diretor-Presidente da Legião da Boa Vontade, constam da agenda do Fórum Mundial Permanente Espírito e Ciência, o Fompec da LBV. Desde 2000, a organização dinâmica desse evento, que ocorre em várias partes do mundo, está sediada no ParlaMundi da LBV, em Brasília/DF.

Mas, finalizando essas observações, podemos afirmar que pelo trabalho com os números, no laboratório, no estudo da genética, na decifração do genoma, no desenvolvimento das células-tronco, procurando a origem da massa na comprovação dos Bósons de Higgs*⁴, enfim, alguém um dia há de se esbarrar com o Espírito. É justamente a falta de unanimidade no assunto que nos abre espaço para muitos debates e estudos. O campo de trabalho continua vasto. E olha que a multiplicidade de áreas de pesquisas em atividade é imensa! Cada uma se esforça por conhecer os mecanismos de uma infinitesimal partícula do todo, isso apenas numa referência ao nosso Planeta, um pontinho no Universo. Realmente já avançamos muito, todavia, imaginemos quando os pesquisadores encontrarem, cada qual a seu modo, as dimensões que estão além da percepção ocular! As Leis que melhor definem o Espírito podem estar lá.

Dr. Bezerra, Espírito, quando, na Religião de Deus, compartilha conosco suas experiências, não nos passa uma ficção, nem ele próprio é uma história de Júlio Verne*⁵. A não ser que o grande romancista francês modificasse seu estilo, passando a vislumbrar não mais o futuro, contudo o agora.

*¹ O Universo é ato sexual de Deus – Esta concepção de Paiva Netto pode ser mais bem estudada no livro dele, Diretrizes Espirituais da Religião de Deus, volume III, no capítulo “A Família na transição dos Tempos”. Trechos da página foram também publicados na Folha de S. Paulo, em 29/11 e 6/12/1987. A certa altura, afirma o autor: “Para os que têm olhos de ver e ouvidos de ouvir, o que menos tem a ver com sexo é a chamada ‘transa sexual’. Sexo é, acima de tudo, Amor. Clemente de Alexandria (aprox. 150-215), no seu Pedagogo, adverte: ‘Não devemos ter vergonha de falar daquilo que Deus não se envergonhou de criar’. Mas agora, no momento em que tanto se discute o sexo, a maioria ainda  bitolada, que curiosamente se considera liberta, pensa logo em cama. Entretanto, quando Da Vinci  (1452-1519) pinta La Gioconda, ocorre um ato sexual da sua arte. A descoberta da penicilina, por Flemming (1881-1955), outro ato sexual (no caso, da Ciência). Sexo é realmente criação. Sua sublimação é isso. Refiro-me à sublimação porque este mundo ainda é atrasado. A natureza do sexo é criar. Neste sentido não há Ser mais sexual que Deus”.

*² Teoria das Supercordas – Uma das teorias pela quais se pretende juntar a Relatividade Geral com a Mecânica Quântica. Se isso se confirmar, todos os ramos da Física estariam unificados, podendo assim se explicar o Universo em sua totalidade. Entretanto, antes é preciso comprovar que o universo possua 10 dimensões. A Teoria das Supercordas nasceu da Teoria das Cordas, que, por sua vez, surgiu de um modelo matemático, proposto em 1968, pelo físico Gabriele Veneziano, para descrever as partículas subatômicas (menores que o átomo). Trata-se de uma mudança radical na Física contemporânea. A idéia não é mais a do universo formado por “pontos” como até hoje pensávamos, a hipótese em estudo é de que essas partículas sejam como minúsculas cordas, cada uma delas vibrando de maneira diversa, numa analogia às cordas de um violão.

*³ Dr. André Luiz – Leia Nos domínios da Mediunidade, psicografia de Francisco Cândido Xavier (1910-2002), página 169, editado pela FEB.

*⁴ Bósons de Higgs – Teoricamente, poderíamos imaginar algo como um ímã que, por onde passa, atrai para si novas partículas, dando assim origem à massa. Tem sido uma espécie de sensação na Física de Partículas. Estudiosos do mundo inteiro trabalham juntos na construção de experimentos de última geração que visam comprovar a sua existência. Há quem afirme que se trata da “Partícula de Deus”. Segundo o físico John March-Russel, do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear, de Genebra, Suíça, “sua descoberta indica que existe um mundo totalmente novo lá fora”.

*⁵ Júlio Verne (1828-1905) – Famoso escritor francês que empregava com maestria a ficção em suas obras. Muito do que ele escreveu tornou-se realidade nos avanços tecnológicos, hoje rotina no cotidiano da Humanidade.